O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) vai recorrer da decisão do procurador-geral da República em Exercício, José Bonifácio Borges de Andrada, que suspendeu liminarmente a investigação dos casos de exploração sexual de crianças e adolescentes por membros da Igreja Católica, no Estado. O procurador-geral julgou representação que apontava conflito de atribuições entre o MPT e o Ministério Público da Paraíba (MPPB), já que ambos mantinham investigações sobre o mesmo tema. A decisão foi tomada durante a 19ª Sessão Ordinária do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Com base nela, caberia à instância estadual do Ministério Público apurar o caso.
Por meio de nota, o Ministério Público do Trabalho reconheceu a decisão do Conselho Nacional, mas reafirmou a disposição de adotar as “medidas cabíveis para que o poder investigatório do Ministério Público do Trabalho (MPT) seja restaurado e o procedimento retome o seu curso”. A investigação do órgão era coordenada pelo procurador Eduardo Varandas Araruna que, procurado pelo blog, se restringiu a dizer que o caso corre em segredo de Justiça e que a posição do órgão foi expressa na nota divulgada nesta segunda-feira. Durante o curso da investigação, ele colheu denúncias muito graves envolvendo o arcebispo emérito da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, e religiosos próximos a eles.
Documentos a que o blog teve acesso mostram o envolvimento de vários religiosos que participavam do círculo mais íntimo do arcebispo emérito, a exemplo dos monsenhores Jaelson de Andrade e Ednaldo Araújo. Os dois, ao lado do padre Severino Lima, estão impedidos de ordenar e celebrar missas. Os relatos de testemunhas falam de orgias e relações sexuais na dependências das igrejas. Os jovens seriam agraciados com dinheiro e roupas bancados pelos religiosos. O procedimento foi instaurado no ano passado, após denúncias de que o então arcebispo Dom Aldo Pagotto estaria encobrindo casos de exploração sexual de crianças e adolescentes na Igreja.
Após ser impedido de ordenar, o próprio dom Aldo Pagotto renunciou ao cargo em 6 de julho deste ano. Ele foi substituído no cargo pelo administrador apostólico Dom Genival Saraiva, nomeado pelo papa Francisco. Quando renunciou ao cargo, o agora arcebispo emérito divulgou carta pública na qual admitia ter “confiado demais” em pessoas que não mereciam.
Confira a nota do Ministério Público do Trabalho
NOTA DO MPT – Exploração sexual na Paraíba
O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) confirmou que o procurador-geral da República em Exercício, José Bonifácio Borges de Andrada, suspendeu, temporariamente, a investigação acerca da ‘Exploração Sexual de meninos por sacerdotes católicos da Arquidiocese da Paraíba’.
Todavia, reafirma que tomará as medidas cabíveis para que o poder investigatório do Ministério Público do Trabalho (MPT) seja restaurado e o procedimento retome o seu curso.
O procedimento ainda se encontra sigiloso, somente tendo acesso às peças os advogados devidamente habilitados nos autos, para o regular exercício do direito de defesa dos seus constituintes, e não autoriza a divulgação pública do conteúdo investigado.